domingo, 24 de março de 2013

Gente rara

por Luci Lahr

Os passos largos em uma rua de bairro pouco conhecido, talvez não permitissem visualizar um pequeno comércio se não fossem produtos expostos e uma placa que me chamou a atenção. Fui fisgada pelas informações e entrei.

No interior da loja, barbantes e linhas de diversas texturas compunham uma prateleira organizada e limpa, típica de comerciante caprichoso. As cores dançavam e se mesclavam em perfeita harmonia.

Enquanto observava os produtos expostos, aproximou-se uma garota que se colocou à disposição para ajudar. Pedi para ver um rolo de barbantes de uma marca já conhecida, e não esperava por uma sequência de atitudes típicas do atendimento impecável. A atendente se preocupou com a minha necessidade para entender como ela conduziria a venda. Foi ágil, inteligente. Fiquei impressionada com a atitude, e permiti que continuasse.

- Nós temos também este produto, de qualidade similar, mas com maior variedade de cores, que permite fazer trabalhos diferenciados, como pode ver neste catálogo  - acrescentou.

De fato, era algo diferenciado, bonito, de bom gosto.

Enquanto ela falava, observava a postura daquela garota muito jovem, tão gentil e tão inteira em sua profissão. Vestia uma roupa simples que permitia que a sua atenção e simpatia se destacassem. Os olhos brilhavam e demonstravam que realmente ela acreditava naquilo que dizia. Algo raro.

Soube ainda que havia cursos no local para trabalhos manuais e a possibilidade da compra de material para as aulas que aconteciam ali. Serviço completo de atendimento em no máximo cinco minutos. Impressionante.

Mercadoria de boa qualidade, preço compatível com o mercado, produto em mãos, sai da loja muito feliz pelo atendimento que recebi.

Com certeza a necessidade tornou-me mais atenta e com percepção mais aguçada em relação à existência da loja em um local não comum para mim. Por outro lado a pequena placa de comunicação e a exposição harmoniosa da mercadoria foram decisivas para atraírem meu olhar. Algo tão simples que até grandes empresas pecam por essa ausência ou pelo excesso.

Os produtos diferenciados e mais coloridos permaneceram na loja. Não me inscrevi em cursos, tampouco comprei materiais para outros trabalhos manuais. Entretanto trouxe comigo uma série de informações que oportunamente poderei vender gratuitamente para outras pessoas. É o que chamamos de marketing de boca-a-boca. Além disso, guardo nitidamente em minha memória detalhes da localização da loja, fruto da experiência positiva que tive naquele local.

Quem dera tivéssemos oportunidade de repetir com frequência experiências tão positivas em comércio. E a garota, ela ganhou o meu respeito, gente rara, diria, em extinção no mercado.

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